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quinta-feira, 16 de junho de 2016

(Resenha) A garota no trem - Paula Hawkins

Todas as manhãs Rachel pega o trem das 8h04 de Ashbury para Londres. O arrastar trepidante pelos trilhos faz parte de sua rotina. O percurso, que ela conhece de cor, é um hipnotizante passeio de galpões, caixas d’água, pontes e aconchegantes casas. Em determinado trecho, o trem para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel observa diariamente a casa de número 15. Obcecada com seus belos habitantes – a quem chama de Jess e Janson –, Rachel é capaz de descrever o que imagina ser a vida perfeita do jovem casal. Até testemunhar uma cena chocante, segundos antes de o trem dar um solavanco e seguir viagem. Poucos dias depois, ela descobre que Jess – na verdade Megan – está desaparecida. Sem conseguir se manter alheia à situação, ela vai à polícia e conta o que viu. E acaba não só participando diretamente do desenrolar dos acontecimentos, mas também da vida de todos os envolvidos.
 A Garota no Trem . Paula Hawkins . Editora Record. 378 páginas
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Rachel está com a sua vida pausada, nada de novo acontece e as únicas coisas que ela tem em mente são lembranças de um passado feliz que foi destruído por causa de uma traição. Sem emprego e viciada em álcool, seus dias são todos iguais, ela acorda com ressaca, vai para Londres de trem numa tentativa de despistar sua companheira de apartamento, bebe mais um pouco e se tortura com os pensamentos do que o seu ex marido Tom estaria fazendo com sua nova esposa Anna e sua filhinha, isso quando ela não cometia uma loucura como aparecer na sua antiga casa ou ligar para eles, implorando que o seu ex lhe concedesse um pouco de atenção.

Em uma de suas voltas de Londres, ela olha para uma casa específica, um lugar que ela amava olhar porque sentia que o casal que morava ali possuía o tipo de amor que ela tinha com o Tom antes dele trocá-la por uma mulher menos problemática que ela. No entanto, ao invés de uma cena de amor protagonizada pelo casal, ela vê algo diferente, algo que pode explicar muito dos fatos que ocorreram depois que a mulher que morava naquela casa foi dada como desaparecida. Envolvida emocionalmente mais do que deveria, ela decide que precisa fazer alguma coisa para descobrir o que aconteceu com Megan. O que ela não esperava, era que na busca por encontrar respostas para aquela mulher, ela descobrisse mais sobre ela mesma.

"A Garota no Trem" foi um livro que me acompanhou por algum tempo, apesar de ser de uma escrita muito fluída, enfrentei alguns problemas para seguir em frente com essa história. A principal razão para isso acontecer foi a Rachel, sendo a principal narradora do livro, foram vários os relatos de bebedeira, apagões alcoólicos e ressacas homéricas. E como se não bastasse ter que ver o quanto o seu esforço era pequeno para superar o seu problema com a bebida mesmo depois dele ter tirado tudo aquilo que ela prezava, ainda tinha outro ponto que me deixava extremamente dividida entre os sentimentos de pena e chateação: ela não parava de se menosprezar. 


A verdade é que o livro parece um quebra-cabeças cujas peças foram arrastadas pelo vento e que pouco a pouco estão conseguindo se reunir. A maneira que a autora optou para mostrar para os seus leitores isso foi mudando o ponto de vista da narrativa entre três mulheres: a Rachel, a Megan e a Anna. A princípio não entendemos muito bem o que ela quer dizer reunindo os olhares de mulheres tão diferentes, mas logo que as peças começam a se encaixar, tudo parece muito bem colocado. Dentro dessas alternâncias de narradores, há também uma divisão entre os turnos de cada dia que podem fazer parte tanto do presente quanto do passado. Parece confuso, mas realmente é uma combinação peculiar e que dá muito certo.

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